quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O regresso do caxineiro - capítulo IV

A suspirou e olhou para o relógio. Parecia-lhe que a viagem estava a demorar uma eternidade e era capaz de jurar que já tinham passado, à vontade, uns bons catorze dias desde que se tinha sentado no seu lugar.

Fáfá e a cabra, que entretanto tinham formado uma bonita amizade, dormitavam abraçados no banco à sua frente e, aborrecido, A decide tentar meter conversa com a menina que passeia o carrinho das bebidas.

De súbito o comboio pára com grande aparato e malas, revistas e bebés voam carruagem fora com o safanão. Adolescentes histéricas gritam, donas de casa apoquentadas desmaiam, idosas incomodadas resmungam que no tempo do Salazar é que era bom e uma ou outra pinga de urina é vertida.

Alguém havia puxado o travão de emergência, mas quem? Curioso, A olhou em volta apenas para descobrir que era a sua própria mão que repousava na alavanca.

"Raios, esqueci-me de tomar os comprimidos!", exclamou.

O que poucos sabiam é que...

"Ei, quem é que disse isso?"

.. A sofria do Síndrome do Dr. Estranho-Amor, uma condição...

"Quem é que está a falar?"

... que faz com que um braço se mova independente da vontade do seu dono...

"Tiagu, és tu?"

... e sem a medicação apropriada é apenas uma questão de tempo até que as tropelias se sucedam e algumas vidas se percam.

"Grassa?..."

No caso de A, e apenas no seu, outro dos sintomas é a audição de vozes de eventuais narradores.

"Michael Phelps?"

Narradores. Não nadadores.

"Ah. Isso faz mais sentido."

Posso continuar?

"Desculpa."

Agora já me perdi.


a) A toma os comprimidos, fica bom, pede desculpa ao pica pelo incómodo e o comboio retoma a sua viagem;
b) O braço de A, um justiceiro renegado chamado Cobra, decide combater o crime à estalada na grande cidade;
c) Acontece algo de tão espectacular que até era pena se eu adiantasse aqui qualquer coisa e estragasse a surpresa.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O regresso do caxineiro - capítulo III

A não consegue adormecer pois o passageiro que vai à frente dele, de bigode e óculos escuros, não pára de olhar para ele com um sorrisinho maroto. A devolve o olhar mas com um ar ameaçador como quem diz “Olha, olha, agora tenho de gramar com este rabanholas a galar-me”. A figura não lhe era estranha, o cabelo loiro muito “forforscente” e as raízes pintadas de preto, a cara borbulhenta e os olhos pareciam ter combinado um encontro junto à cana do nariz. Faziam também parte do pandãn da estranha criatura, um fato de treino tipo “domingo no Colombo” uma pochete Speedo e um bigode carnavelesco mal colado e também descolorado. A reconheceu-o, apesar do disfarce, era o seu ex-colega de escola e agora futura promessa adiada do Glorioso, o Fábio Coentrão.
A fingiu não o conhecer e virou a sua atenção para a branca cabra anã, que trazia por um cordel. Passou-lhe a mão pelo pêlo e a cabra baliu suavemente fazendo com que o pica que arrastava os pés pelo linóleo do corredor da carruagem olhasse de soslaio por cima do ombro casposo.
Enquanto o Alfa passava a abrir por cima do Nabão mesmo pelo meio dos Marmelais, A semicerrou os olhos e com a mão caída sobre o dorso do pequeno animal, pensava na chegada ao seu destino e na missão que lhe fora incumbida pelo Grande Timoneiro das Caxinas.

Agora escolha:

a) O comboio para com grande aparato porque alguém puxou a alavanca de emergência.

b) Fábio Coentrão tira o bigode e mete conversa com A fazendo com que este o reconheça.

c) A cabra do A sofre de um repentino ataque de caganeira.

d) A liga, telefona e contacta PWFH e o resto da cambada a informar o horário da sua chegada.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Intervalo - Publicidade


Amália Vs Predator

...Brevemente nas bancas.